Autora: Vivian Solai | Sobre a autora: Clique aqui.
“E deixei que ele pensasse que eu era bom de papo, quando, na verdade, eu apenas sabia ouvir e o incentivei a falar.” – Dale Carnegie
É assim que o livro ESCUTE!, do Dale Carnegie e Associados, começa.

Em meus estudos e práticas sobre comunicação, a escuta ativa e a empatia sempre foram grandes desafios. Nessa busca por desenvolvimento e aprimoramento dessas habilidades, conheci Dale Carnegie e seu livros.
Sempre refleti sobre a diferença entre “ouvir” e “escutar”, e me chamou a atenção encontrar essa mesma provocação no início do livro:
“Existe uma diferença enorme entre escutar e ouvir. Claro, você pode ser capaz de ouvir e repetir as palavras que alguém disse. Mas isso significa que você escutou? Não necessariamente.”
Ouvir é involuntário.
“É o que acontece quando as vibrações sonoras de expressões vocais chegam a seus tímpanos. Você provavelmente já passou por muitas ocasiões em que não queria ouvir algo, mas não conseguiu ignorar o som. Escutar envolve ouvir, mas também compreender. É uma atividade participativa, o que significa que, para a escuta acontecer, você precisa interagir e participar. Exige concentração e atenção, para que você consiga analisar o que está ouvindo e atrelar um significado às palavras.” (p. 13)
Convido você a refletir sobre a sua escuta. Quando coloca uma música para tocar no celular enquanto faz uma atividade física, você está ouvindo ou escutando? Já pensou nisso? Enquanto ouve a música, você está atento ao ritmo e às batidas para dar cadência à sua atividade física, ou escuta a melodia, sente e se conecta com a letra?
Se existe uma forma melhor de se conectar com alguém do que escutar o que a pessoa tem a dizer, eu desconheço. A comunicação acontece de muitas formas e possui vários componentes, mas aqui vamos focar na escuta, a partir do que esse livro, que considero genial, nos ensina.
ESCUTE! é uma leitura leve, com linguagem clara, objetiva e recheada de exemplos práticos. A leitura começa de forma despretensiosa e, quando você menos espera, se vê refletindo sobre situações vividas, conexões construídas (ou perdidas), e aprendizados valiosos.
O livro explora conceitos fundamentais para aprimorar a escuta e traz ferramentas úteis para quem deseja se comunicar de forma mais empática, estratégica e genuína.
Os sete tipos de ouvinte
Uma parte que me divertiu bastante foi “Os sete tipos de ouvinte” (p. 39). Me identifiquei com vários, e reconheci na descrição muitas pessoas do meu convívio. O mais interessante é que o livro traz orientações práticas sobre como se comunicar com cada um deles.

Os sete tipos de ouvinte identificados pela Dale Carnegie Training:
- Os distraídos
- Os de corpo presente
- Os intrometidos
- Os indiferentes
- Os combativos
- Os terapeutas
- Os engajados
Além disso, o livro também apresenta uma classificação didática dos Tipos de Escuta:
Fingir que escuta:
Ocorre quando o ouvinte passa a impressão de que presta atenção, mas, na verdade, está sonhando acordado ou pensando em outra coisa.
Escutar para preparar uma resposta:
Acontece quando você só escuta o que é dito para conseguir se explicar ou se defender.
Escutar para aprender:
É filtrar seletivamente tudo que não seja a informação desejada.
Escutar por empatia:
Significa tentar compreender a pessoa, sua personalidade, seus significados e as motivações reais e implícitas, buscando compreendê-la por inteiro.
E você, consegue identificar qual é o seu tipo de escuta?
Na parte três do livro, encontramos exemplos de Falhas na Comunicação (p.93)e uma discussão importante sobre como conflitos interpessoais se desenvolvem e como a escuta ativa pode prevenir e solucionar situações difíceis. Vale a leitura porque, além de uma explicação clara sobre as etapas do conflito, o livro oferece estratégias práticas para lidar com diferentes estilos de confronto.
Técnicas de Escuta Ativa – Agora você percebeu o valor dessa leitura! (risos)
Essa parte do livro é bem prática e é quando temos o contato com vários erros de escuta (p. 142), com base na quantidade de atenção que você oferece à outra pessoa. Começa com a Escuta Inicial, quando escutamos apenas o começo da fala e já começamos a pensar na resposta.
E termina, depois de explorar diferentes tipos de escuta, com a Escuta Profunda, quando escutamos não só o que é dito, mas também o que é sentido, o que está por trás das palavras e emoções expressas, com interesse genuíno por quem fala.
Escuta Ativa na Saúde
Fazendo um paralelo com o conteúdo que abordamos nos cursos e oficinas da ConectaExp sobre Comunicação, reforçamos com os profissionais de saúde a importância de qualificar a escuta, considerando quatro elementos fundamentais:
- Fatos (componente racional)
- Sentimentos (componente emocional)
- Expectativas
- Sintomas (equipes assistenciais)
Se quiser se aprofundar mais nesse tema, recomendo este vídeo onde explicamos como enxergamos a escuta no cuidado centrado nas pessoas:
Outro ponto que me chamou atenção foi como o livro valoriza a comunicação não verbal: o tom de voz, o olhar, a postura, os gestos. A escuta também se expressa através do silêncio, quando sabemos acolher sem precisar falar nada.
Mais para o final do livro, encontraremos uma reflexão super atual sobre os desafios da escuta na comunicação escrita, especialmente em tempos de mensagens instantâneas, redes sociais e excesso de estímulos. Como “escutar” quando estamos apenas lendo? Como interpretar corretamente o que o outro escreveu?
Segundo os autores, para “escutar” de forma eficiente na comunicação escrita, precisamos permanecer muito atentos a como os contextos de vida e as emoções envolvidas, de modo geral, influenciam na interpretação do que lemos.
No último capítulo do livro, somos convidados a praticar: desenvolver a escuta em 14 dias, com sugestões simples e eficazes para aplicar no dia a dia.
Conclusão e Recomendação
Recomendo essa leitura tanto para a vida pessoal quanto profissional. Entendo que a escuta é parte essencial de qualquer relacionamento e uma escuta verdadeira pode transformar conexões, conversas e até caminhos profissionais.
Na minha visão, desenvolver a escuta ativa é mais do que desenvolver uma habilidade. É um jeito de demonstrar respeito, de cuidar e de se conectar com as pessoas de forma genuína, algo que tem tudo a ver com o que acreditamos na ConectaExp.